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quarta-feira, maio 31, 2006

Avaliação dos Professores

Avaliação dos Professores

quarta-feira, maio 10, 2006

Cidades Invisíveis - Italo Calvino

Uma viagem por cidades imaginárias. Uma coleção de poesias em prosa. Um diálogo fantástico entre dois grandes nomes da Idade Média. Calvino consegue fazer de tudo isso (ou por tudo isso) um livro sutil e instigante.
O argumento é bárbaro: o comerciante genovês Marco Polo encontra-se com o imperador mongol Kublai Khan, neto do grande Gengis, na capital do império, durante o século XIII. O imperador não pode sair da capital e, para satisfazer sua curiosidade, Marco Polo descreve a ele as cidades e os lugares por onde passou.
Narrações curtas, poéticas, carregadas de imaginação. E com um detalhe, todas com nomes de mulher. O livro descreve 50 delas, divididas em vários tipos: as cidades e a memória, as cidades delgadas, as cidades e as trocas, as cidades e os mortos, as cidades e o céu.
Entre essas descrições, aparecem os diálogos entre o genovês e o mongol. E estes diálogos são chaves para discussões literárias e filosóficas sobre o que é narrado e o que é apreendido; sobre a cidade para seus habitantes e para o visitante; sobre o tempo e as cidades; sobre imaginação e realidade; e muito mais.
Mas as grandes pérolas são as cidades. Calvino consegue criar descrições de cidades fantásticas, que nos colocam sempre a pensar e a imaginar nossa relação com os ambientes ao redor. Cidades que são espelhadas, metrópoles inconscientes de sua história, povoados formados apenas por tubos hidráulicos. Em cada uma, uma sugestão. Em cada uma, uma imagem. Em cada uma, uma poesia.
Calvino consegue deixar claro que, mesmo invisíveis, essas cidades coexistem na história, na memória e, principalmente, na imaginação de cada um.

quarta-feira, maio 03, 2006

Património Arquitectónico de S. Filipe

São Filipe, 28 de Abril de 2006


Caros amigos:

Ontem, dia 27 de Abril, a nossa cidade de São Filipe, presenciou um acto inédito: três figuras bastante conhecidas em São Filipe, respectivamente, Agnelo Andrade, proprietário da agência de turismo "DjarFogo", Luisa Lopes, engenheira e professora no Liceu Dr. Teixeira de Sousa e Renata Eckelmann Zanini, proprietária do espaço de restauração típico " Le Bistro", acorrentaram-se ao recém-colocado gradeamento da Praça, á frente da Câmara Municipal de São Filipe, manifestando, deste modo, o seu desacordo e indignação perante a descaracterização a que o mesmo espaço foi sujeito.

Se a maior parte das pessoas, compreendeu a razão do acto e, concordando ou não com ele, respeitaram os manifestantes, o mesmo já não se pode dizer do Presidente da Câmara que, na minha presença, os apelidou de emigrante/ estrangeirado, praiense e estrangeira, esquecendo-se que somos uma nação na diàspora, que há muito erradicamos e ridícula dicotomia Badiu/Sampadjudo e que tem sido graças à solidariedade de muito estrangeiro que, aliados ao nosso esforço e labuta diária, nos vamos guindando na senda do progresso e do desenvolvimento.

Deixo ao vosso juízo, tal atitude, uma vez que, num outro artigo abordarei especificamente esta questão. Com a presente, é minha intenção dar-vos a conhecer o teor da minha resposta ao Presidente da Câmara que buscou, em vez do terçar sadio de argumentos, o vilipêndio e a linguagem torpe e reles como forma de justificar o que, volto a reafirmá-lo, são autênticos crimes contra o património cultural da Ilha do Fogo, em particular, e de Cabo Verde, no geral.
Eugênio Miranda Veiga tornou-se um perigo, uma doença que em não sendo combatida, resultará na morte e destruição do valioso património cultural de São Filipe que, no fundo, é pertença de todos cabo-verdianos. A sua atitude autista e arrogante, de nada ouvir e de tudo poder fazer, não pode mais ser tolerada. Aliás, mesmo dentro do seu partido, muitas são as vozes ( a maioria) que o contestam e, inclusive, não queriam que se candidatasse ao mandato que ora exerce. E, se não se manifestam, hoje, abertamente, tão somente será porque fiéis à disciplina partidária, preferem o dialogo interno e uma outra forma de resolução- que mesmo não concordando, respeito.

Urge, por conseguinte, que nos façamos ouvir para que não se estribe o presidente no argumento de eu ser uma voz isolada. Conjuro todos os que amam São Filipe a se manifestarem, de todas as formas possíveis e a obrigarem as demais autoridades a saírem do seu cúmplice silêncio. Refiro-me ao Presidente do Instituto de Investigação e Preservação do Património Cultural (IIPC), ao Ministro da Cultura e ao próprio Presidente da Republica que, não obstante não ser executivo, não deixa de ser, em ultima instancia o guardião do legado cultural da nação, importando fazer-se ouvir quando mesmo está em debate e, quiçá, em perigo.

Penitencio-me se a resposta que, a seguir, vão ler contiver alguma adjectivação mais excessiva ou um tom mais emotivo. Todavia, como diz o ditado, “ só não sente, quem não é filho de boa gente”.

Por São Filipe e por DjarFogo... Sempre!

Caboverdeanamente,

Fausto Amarilio do Rosário
“Post- scriptum” à carta aberta ao Presidente da Câmara de S. Filipe ( ou, o meu “despacho” sobre um hilariante despacho)

Senhor, “Eu- genial”, Presidente:

Em cumprimento das suas inquestionáveis e “eu- geniais ordens”, a mui digna Secretária Municipal da Câmara Municipal da ex- cidade de São Filipe, hoje Sanfibila, enviou-me, por carta registada nos Correios de Cabo Verde, a transcrição do seu não menos eu-genial “despacho”, exarado sobre a carta aberta por mim subscrita, e, perante a eu-genialidade quer do acto como do conteúdo, não resisti em, também, “despachar” o seguinte:

1º- Agradecer ao “Eu- genial” Presidente o facto de ter proporcionado ao subscritor uma monumental gargalhada, produzindo um despacho sobre uma carta aberta. Tal acto administrativo é singular e sem precedentes, com direito a entrada no anedotário nacional. O seu mentor, Odorico, teria ficado satisfeito... Mas, falando a sério, por que não ter umas aulas com o muito competente homologo de Santa Catarina, Aqueleu Barbosa, e não com os dois assessores ( esses sim, Renivaldo e Jenivaldo) que o ajudaram a escrevinhar tão competente “despacho” ?

2º- Ressalvar ao “Eu-genial” Presidente a circunstância de não ter dito/ respondido absolutamente nada ao conteúdo da carta aberta. Apenas referiu ter feito realizações. Mas é precisamente dessas realizações que se questiona a sua oportunidade, a sua validade e o seu prejuízo para o todo arquitectónico da cidade. Todos os que verdadeiramente amam a cidade de São Filipe devem chorar perante os crimes cometidos, exceptuando os que, por ignorância ou oportunismo, se mantém com os olhos secos. E, num à-parte, importa dizer que tudo o se faz não deixa de ser uma realização: despachar sobre uma carta aberta, por exemplo.

3º- Ainda, ressalvar ao “Eu-genial” autarca que não possuindo capacidade para sustentar e argumentar sobre a “bondade das aberrações/realizações, preferiu a fuga medíocre em direcção à insinuação reles e torpe sobre prováveis julgamentos por instâncias superiores de eventuais crimes... Esqueceu-se que o subscritor da carta aberta enfrentou sem medo e de peito aberto a barra do tribunal, sendo por isso, hoje, um homem livre e sem receios... Outros preferiram férias prolongadas noutros países ou a imunidade conferida pelo cargo... Mas, o mais perseguido funcionário de que há memória no Fogo, Carlos António Barbosa Vicente Rosário de Pina ( Totinho), provou bem claro, na barra do mesmo Tribunal, ser o “Eu-genial” Presidente um não menos “Eu-genial” e reles receptador/ comprador de peças de qualidade e utilidade duvidosa; e se, se somar o recentemente divulgado na Comunicação Social, não restarão duvidas que se está perante um criminoso que pretende mistificar a opinião publica, em particular a dos foguenses, clamando por justiça, quando deveria ser a justiça a clamar pela sua presença. Mas o dia chegará...

4º- Retorquir ao “Eu-genial” Presidente que o subscritor foi, é e continuará a ser um bom professor de Língua Portuguesa, atestando esse facto as muitas referências elogiosas sobre o seu desempenho, inclusive de muitos que com o “Génio” trabalham... Se, no passado, tal como hoje, exerceu outras funções que despertaram a inveja de outros, esses mesmos outros deverão lembrar-se que o todo- poderoso os ajudou na educação dos filhos, a preservar a dignidade e o próprio trabalho, a conseguir a casa aonde residem, nada pedindo ou esperando em troca, pelo que, hoje, continua simples, sem posses ilícitas, terrenos por toda a parte ou marcas de enriquecimento súbito, ganhando o pão nosso de cada dia, sem cargos ou percepções fictícias.

5º- Relembrar ao “Eu- genial” Presidente que ler, citar, transcrever e divulgar fazem parte da função de ser professor e de todo ser humano que minimamente preze a instrução e o conhecimento. Os medíocres, é claro, preferem o obscurantismo para poderem reinar. Que o signatário, para além do muito que já escreveu nas revistas e jornais deste pais, não só continuará a fazê-lo como também continuará a ler, a citar, a transcrever e a divulgar todo o que entender ser relevante para um melhor bem-estar dos que o rodeiam e com ele convivem. Compreende, todavia, o signatário a “cotovelite” aguda do” eu-genial” Presidente: do anedotário nacional, também, faz parte a forma caricata como o eu-genial autarca “massacra” a língua que tendo sido de Camões, também foi de Eugênio Tavares e de Pedro Cardoso... Felizmente, já não pertencem ao mundo dos vivos.

São Filipe, 26 de Abril de 2006.

Perdido de riso,


Fausto Amarilio do Rosário