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quarta-feira, maio 10, 2006

Cidades Invisíveis - Italo Calvino

Uma viagem por cidades imaginárias. Uma coleção de poesias em prosa. Um diálogo fantástico entre dois grandes nomes da Idade Média. Calvino consegue fazer de tudo isso (ou por tudo isso) um livro sutil e instigante.
O argumento é bárbaro: o comerciante genovês Marco Polo encontra-se com o imperador mongol Kublai Khan, neto do grande Gengis, na capital do império, durante o século XIII. O imperador não pode sair da capital e, para satisfazer sua curiosidade, Marco Polo descreve a ele as cidades e os lugares por onde passou.
Narrações curtas, poéticas, carregadas de imaginação. E com um detalhe, todas com nomes de mulher. O livro descreve 50 delas, divididas em vários tipos: as cidades e a memória, as cidades delgadas, as cidades e as trocas, as cidades e os mortos, as cidades e o céu.
Entre essas descrições, aparecem os diálogos entre o genovês e o mongol. E estes diálogos são chaves para discussões literárias e filosóficas sobre o que é narrado e o que é apreendido; sobre a cidade para seus habitantes e para o visitante; sobre o tempo e as cidades; sobre imaginação e realidade; e muito mais.
Mas as grandes pérolas são as cidades. Calvino consegue criar descrições de cidades fantásticas, que nos colocam sempre a pensar e a imaginar nossa relação com os ambientes ao redor. Cidades que são espelhadas, metrópoles inconscientes de sua história, povoados formados apenas por tubos hidráulicos. Em cada uma, uma sugestão. Em cada uma, uma imagem. Em cada uma, uma poesia.
Calvino consegue deixar claro que, mesmo invisíveis, essas cidades coexistem na história, na memória e, principalmente, na imaginação de cada um.