sexta-feira, outubro 05, 2007
segunda-feira, agosto 13, 2007
VAMOS PROTEGER AS TARTARUGAS
Tomo a liberdade de publicar este texto que me chegou via mail...
Caros amigos!
Se existe uma legislação que diz claramente que não é permitida a caça, captura ou simples detenção de espécies como a Tartaruga marinha e mamíferos marinhos, por que é que:
- há dois dias duas baleias piloto foram pescadas e trazidas para a cidade de velha para serem esquartejadas à frente de todos que queriam ver?
- por que é que, desde há umas semanas atrás, no Porto Mosquito desembarcam todos os dias tartarugas que depois são vendidas sem nenhum esforço de esconder o produto?
Nesta mesma localidade só não trazem para terra os mamíferos que não se aproximam dos botes.
- por que é que na Achada Baleia as tartarugas que lá vão desovar não são protegidas por quem anda evitar apanha de areia?
- por que é que na capital do pais, incluindo os subúrbios, parece ser o único ponto do pais onde a venda de carne de tartaruga pronta a consumir acontece na barba de todos?
Quando são vistas duas mulheres a andarem juntas, uma com panela à cabeça, outra com água e loiça, é porque vendem tartaruga já cozinhada.
- o que estaá acontecendo com as tartarugas no Maio, Boavista e Sal significa que aos que dirigem o país apenas lhes interessa os cifrões, na realidade não pretendem preservar a natureza para o bem de um futuro menos pior. Ignorantes, ficam felizes e arrogantes com a promoção apenas do betão.
Devemos utilizar parte dos meios que se gastam em ateliers, seminários, palestras, folhetos e posters para:
- fazer campanhas nos orgãos de comunicação social(quando é que se fez a última campanha sobre tartarugas? quando é que se fez alguma campanha sobre baleias?);
- organizar equipas ou departamentos com poderes de dissuasão/intervenção no terreno;
- criar mecanismos de punição dos infractores;
- homenagear ou reconhecer o esforço daqueles que agiram e agem em favor da protecção ambiental;
- introduzir programas (não e só fazer referência) educacionais nas escolas sobre o ambiente, particularmente sobre as espécies ameaçadas.
De certeza que haverá mais por dizer, deixo a dica.
Um abraço a todos.
Monaya
Caros amigos!
Se existe uma legislação que diz claramente que não é permitida a caça, captura ou simples detenção de espécies como a Tartaruga marinha e mamíferos marinhos, por que é que:
- há dois dias duas baleias piloto foram pescadas e trazidas para a cidade de velha para serem esquartejadas à frente de todos que queriam ver?
- por que é que, desde há umas semanas atrás, no Porto Mosquito desembarcam todos os dias tartarugas que depois são vendidas sem nenhum esforço de esconder o produto?
Nesta mesma localidade só não trazem para terra os mamíferos que não se aproximam dos botes.
- por que é que na Achada Baleia as tartarugas que lá vão desovar não são protegidas por quem anda evitar apanha de areia?
- por que é que na capital do pais, incluindo os subúrbios, parece ser o único ponto do pais onde a venda de carne de tartaruga pronta a consumir acontece na barba de todos?
Quando são vistas duas mulheres a andarem juntas, uma com panela à cabeça, outra com água e loiça, é porque vendem tartaruga já cozinhada.
- o que estaá acontecendo com as tartarugas no Maio, Boavista e Sal significa que aos que dirigem o país apenas lhes interessa os cifrões, na realidade não pretendem preservar a natureza para o bem de um futuro menos pior. Ignorantes, ficam felizes e arrogantes com a promoção apenas do betão.
Devemos utilizar parte dos meios que se gastam em ateliers, seminários, palestras, folhetos e posters para:
- fazer campanhas nos orgãos de comunicação social(quando é que se fez a última campanha sobre tartarugas? quando é que se fez alguma campanha sobre baleias?);
- organizar equipas ou departamentos com poderes de dissuasão/intervenção no terreno;
- criar mecanismos de punição dos infractores;
- homenagear ou reconhecer o esforço daqueles que agiram e agem em favor da protecção ambiental;
- introduzir programas (não e só fazer referência) educacionais nas escolas sobre o ambiente, particularmente sobre as espécies ameaçadas.
De certeza que haverá mais por dizer, deixo a dica.
Um abraço a todos.
Monaya
terça-feira, agosto 07, 2007
http://www.djarfogo.net/
A divagar pela net encontrei este DjarFogo.net que está fabuloso, com belas fotos dessa saudosa djarfogo. Apetece voltar... Mas... não há t€mpo! :( lol
quinta-feira, fevereiro 15, 2007
quinta-feira, dezembro 28, 2006
Poema de Natal
Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos
—Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos
—Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai
—Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte
—De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
Vinicius de Moraes
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos
—Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos
—Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai
—Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte
—De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
Vinicius de Moraes
domingo, junho 18, 2006
quarta-feira, junho 14, 2006
Património Histórico de São Filipe
O silêncio, o bom senso e o embuste!
Quase um mês e meio se passou desde que, em sinal de protesto pelo que considero terem sido graves crimes culturais contra o património da cidade de São Filipe, enderecei uma carta aberta ao Presidente da Câmara, Eugénio Miranda Veiga. A resposta/despacho do mesmo, eivada de ameaças e insinuações da baixo cariz, não convenceu ninguém como, tão-pouco, fez convencer a paupérrima prestação do mesmo no programa radiofónico “ Quarta-feira á noite”, culminando essa sucessão desastrosa com a célebre afirmação “ estrangeirado, badia e estrangeira”, para se referir aos três manifestantes que se acorrentaram ao recém-colocado gradeamento da Praça João Paes no dia 27 de Abril de 2006.
Ao longo desse tempo busquei manter-me em silêncio. Fi-lo, porque não sendo objectivo o protagonismo estéril, entendi esperar pelas críticas e reacções, pela opinião franca e sincera, pela aprovação ou desacordo que confirmassem a justeza das minhas afirmações ou condenassem a imprecisão ou injustiça das mesmas. Desta arte, recebi com humildade e despido de qualquer arrogância as muitas felicitações que por carta, e-mail, publicações nos jornais e telefonemas vieram dar-me a certeza de não estar sozinho e de haver cabo-verdianos atentos e prontos a defender o que verdadeiramente é nosso e nos faz reconhecermo-nos como integrantes “ do povo das ilhas”. A todos o meu agradecimento e se, particularmente, não cito nomes, não só é porque o rol é extenso como correria o risco de pecar por omissão. Por outro lado, também com humildade e não menos reconhecimento, guardei e reflecti sobre os reparos feitos em relação á forma dada á carta aberta: adjectivação excessiva, algum exagero de linguagem, sobretudo do ponto de vista emotivo, e alguma pessoalização em relação ao imediato receptor da carta. Todavia, quer nas felicitações como nos reparos, um denominador comum: o reconhecimento unânime de ter havido uma intervenção desastrada e um prejuízo incalculável para com o património cultural da Ilha do Fogo, em particular, e de Cabo Verde, no geral. Os espaços nobres da cidade de São Filipe, efectivamente, são hoje uma caricatura triste do que foram, incongruentes e despojados de qualquer significado para “orgulho-ilusão de um homem (Eugénio Veiga) e de uma classe (os seus conselheiros) que o tempo, sem dúvida, um dia, destroçará”- perdoe a paráfrase, Teixeira de Sousa.
Se este silêncio foi benéfico e prenhe de ensinamentos, outro(s) houve que todavia, confirmaram, de forma dolorosa, a omissão, a cumplicidade e o oportunismo. O Supremo Representante da Nação continua quedo e mudo, ele que nas suas responsabilidades, tem a de ser o guardião e defensor do património cultural do povo que representa. O mui importante Presidente do IIPC também não se pronuncia, tendo prometido para “breve”( conf. Edição do Jornal “ A Semana” nº763) uma visita de avaliação: um mês e meio depois de o Ministro da Cultura ter declarado ser urgente uma avaliação ás obras feitas e de, por esse facto, ter recebido uma reprimenda de D. Eugénio, uma semana depois desse mesmo ministro ter pedido ao “senhor das ilhas” que se pautasse pela “elevação” e “verdade”, o Presidente do IIPC minimiza a própria tutela com um lacónico “breve”. Quererá esse “breve” ser o mesmo que há quatro anos “acelera” as obras de recuperação e restauro da Igreja Matriz de São Filipe as quais não se sabe para quais “calendas gregas” estarão concluídas? Como aceitar o argumento esfarrapado de não possuir o IIPC um arquitecto disponível? Onde pára esse homem imprescindível? De férias disciplinares que duram há mês e meio? Evacuado para o exterior por problemas de saúde? Resolvendo assuntos pessoais inadiáveis e importantes, superiores ao do próprio Estado que lhe paga? Perdoem-me Manuel Delgado, Amadeu Oliveira e Filinto Elísio mas lá vai: ou o senhor Presidente do IIPC julga poder passar um certificado de imbecilidade aos que o rodeiam ou, pura e simplesmente, na lógica da solidariedade politico-partidária tão bem apontada por Armindo Ferreira, presta-se a fazer um “frete” ao Eu-genial autarca dando-lhe a possibilidade de, por omissão do parecer técnico ou extemporaneidade do mesmo, não haver uma decisão da tutela e a responsabilização que se espera e se exige. Nada de surpreendente nesse personagem que nem no Dia Mundial do Património esteve disponível para os inúmeros radiouvintes que quiseram com ele conversar, depois de terem conhecido um idílico quadro sobre a realidade patrimonial em Cabo Verde, tiveram a desagradável surpresa de estarem perante uma gravação. Resta-nos, enfim, a “breve” esperança de o “breve” ser mesmo “breve” e que, pelo menos, até 30 de Abril de 2007, altura em que se completará um ano após as declarações do Ministro da Cultura, o arquitecto esteja finalmente disponível, a visita tenha sido efectuada e o parecer divulgado. E peço ao senhor Primeiro-Ministro que até lá, caso vier a remodelar o Governo, que não mexa no titular da pasta da cultura e nem admita que se mude o presidente do IIPC quaisquer que forem as razões, porque, senão, ainda correríamos o risco de ouvir dizer que a responsabilidade tinha sido de outrem e que por isso… Finalmente, o último silêncio, feito do oportunismo de alguns com que aqui na Ilha julgava ser amigo e de tudo poder falar com franqueza e lealdade: nem uma palavra, com medo, quiçá, de o “Génio” poder vir a saber; como conviver com essa sensação/certeza angustiante de ver o “amigo” incomodado pela minha presença, porque no mesmo espaço publico está o “senhor da ilha”? Enfim, o meu leque de amigos ficou mais curto, não porque considere como tais apenas os que concordam sempre comigo, mas porque não admito os que condicionam o relacionamento ás circunstâncias dos “laços comestíveis” ou do cargo que ocupam ou que aspiram poder vir a ocupar.
Enquanto isso, o “Atelier-Mar”, em Mindelo, São Vicente, prepara-se para conjuntamente com os gabinetes técnicos de São Salvador da Baia, de Coimbra, do Mindelo e das restantes Câmaras Municipais de Cabo Verde, discutir o Património Arquitectónico do Mindelo, cidade que quando se começou a constituir-se pelas mãos do foguense João Afonseca, já São Filipe tinha mais de 200 anos de história e desempenhava um papel importantíssimo na vida politica, social, económica e cultural de Cabo Verde. Não resisto em perguntar: Estará ali o Presidente do IIPC? Dirá alguma coisa? Comprometer-se-á para “brevemente” cumprir alguma promessa ou determinação? Independentemente das eventuais respostas, sei que por esse tempo os arquitectos, engenheiros, historiadores, sociólogos, intelectuais e outros convidados para o evento, calcorrearão as ruas da cidade aonde estudei e da qual guardo tantas lembranças, tantos ensinamentos e tantos amigos; observarão as marcas da presença inglesa e portuguesa; conversarão com personalidades da cidade independentemente da bandeira politica; escutarão o cidadão comum, seja ele velho ou novo, homem ou mulher; contemplarão as fotografias, desenhos, pinturas e monumentos; não deixarão de rever os livros, artigos e tudo o que de escrito foi publicado sobre a cidade; terão em atenção os grandes eventos culturais como o Carnaval e o Festival da Baia das Gatas e finalmente, recolhidos os dados, debaterão e concluirão, com franqueza, com honestidade e, sobretudo, com competência e sem arrogância. E sei também que a Presidente da Câmara receberá o documento final, depois de previamente aprovado pela Assembleia Municipal, como um instrumento orientador indispensável para que Mindelo conserve a sua traça arquitectónica e faça jus ao epíteto de capital cultural de Cabo Verde. Sei ainda que quer os redactores como a receptora compreenderão a necessidade da actualização do mesmo documento, pelo que, de tempos a tempos, outros encontros similares se seguirão. Finalmente, ainda sei, que o meu amigo Moacyr Rodrigues ficará mais descansado no que á preservação dos monumentos da sua cidade concerne. Obrigado Mindelo por essa lição de bom senso que espero ser apreendida pelos outros municípios.
Mas, se do Mindelo vem o bom senso, de São Filipe, vem o embuste: depois de nada ter consultado; depois de ninguém ter ouvido; depois de, sem plano, sem conhecimento e sem respeito ter adulterado a traça arquitectónica da cidade, o Presidente da Câmara de São Filipe, propôs a discussão da “Requalificação Urbanística de São Filipe” á Assembleia Municipal. Os eleitos municipais vão discutir o que já foi feito sem o seu consentimento, numa usurpação clara das suas competências, num claro desrespeito á sua própria dignidade. Discutirão sem um documento orientador, a não ser o Plano da Arcotec, elaborado em 1991, ainda João do Rosário era Delegado do Governo no período de transição para as primeiras eleições autárquicas. Debaterão na base do discurso do Presidente de se ser ou não contra nós, reduzindo a questão á velha dicotomia PAICV/MpD que tanto tem prejudicado o Fogo; e, no final, que ninguém se espante se, se fizer aprovar uma moção de apoio ao Presidente louvando-o a prosseguir, como se tudo se resumisse a ter ou não a confiança politica dos seus pares. Todavia, senhores eleitos municipais, sem plano, com o dano feito, sem parecer técnico de quem de direito, discute-se o quê e com base no quê?
Noutras circunstancias, semelhantes as do Mindelo, aceitaria o repto do Presidente Genial e participaria no debate da Assembleia, não obstante a desigualdade do tempo concedido, cinco minutos para os munícipes e todo o tempo do mundo para “ senhor da ilha”, posto que estaria a contribuir, mesmo que humildemente, para um melhor devir para a minha ilha. Seria a promoção do bom senso e do respeito; mas como está mais não é do que a promoção da fraude e a legitimação de um criminoso para a prossecução dos seus crimes contra o património arquitectónico de São Filipe.
Sanfibila, 14 de Junho de 2007
Fausto Amarílio do Rosário
Quase um mês e meio se passou desde que, em sinal de protesto pelo que considero terem sido graves crimes culturais contra o património da cidade de São Filipe, enderecei uma carta aberta ao Presidente da Câmara, Eugénio Miranda Veiga. A resposta/despacho do mesmo, eivada de ameaças e insinuações da baixo cariz, não convenceu ninguém como, tão-pouco, fez convencer a paupérrima prestação do mesmo no programa radiofónico “ Quarta-feira á noite”, culminando essa sucessão desastrosa com a célebre afirmação “ estrangeirado, badia e estrangeira”, para se referir aos três manifestantes que se acorrentaram ao recém-colocado gradeamento da Praça João Paes no dia 27 de Abril de 2006.
Ao longo desse tempo busquei manter-me em silêncio. Fi-lo, porque não sendo objectivo o protagonismo estéril, entendi esperar pelas críticas e reacções, pela opinião franca e sincera, pela aprovação ou desacordo que confirmassem a justeza das minhas afirmações ou condenassem a imprecisão ou injustiça das mesmas. Desta arte, recebi com humildade e despido de qualquer arrogância as muitas felicitações que por carta, e-mail, publicações nos jornais e telefonemas vieram dar-me a certeza de não estar sozinho e de haver cabo-verdianos atentos e prontos a defender o que verdadeiramente é nosso e nos faz reconhecermo-nos como integrantes “ do povo das ilhas”. A todos o meu agradecimento e se, particularmente, não cito nomes, não só é porque o rol é extenso como correria o risco de pecar por omissão. Por outro lado, também com humildade e não menos reconhecimento, guardei e reflecti sobre os reparos feitos em relação á forma dada á carta aberta: adjectivação excessiva, algum exagero de linguagem, sobretudo do ponto de vista emotivo, e alguma pessoalização em relação ao imediato receptor da carta. Todavia, quer nas felicitações como nos reparos, um denominador comum: o reconhecimento unânime de ter havido uma intervenção desastrada e um prejuízo incalculável para com o património cultural da Ilha do Fogo, em particular, e de Cabo Verde, no geral. Os espaços nobres da cidade de São Filipe, efectivamente, são hoje uma caricatura triste do que foram, incongruentes e despojados de qualquer significado para “orgulho-ilusão de um homem (Eugénio Veiga) e de uma classe (os seus conselheiros) que o tempo, sem dúvida, um dia, destroçará”- perdoe a paráfrase, Teixeira de Sousa.
Se este silêncio foi benéfico e prenhe de ensinamentos, outro(s) houve que todavia, confirmaram, de forma dolorosa, a omissão, a cumplicidade e o oportunismo. O Supremo Representante da Nação continua quedo e mudo, ele que nas suas responsabilidades, tem a de ser o guardião e defensor do património cultural do povo que representa. O mui importante Presidente do IIPC também não se pronuncia, tendo prometido para “breve”( conf. Edição do Jornal “ A Semana” nº763) uma visita de avaliação: um mês e meio depois de o Ministro da Cultura ter declarado ser urgente uma avaliação ás obras feitas e de, por esse facto, ter recebido uma reprimenda de D. Eugénio, uma semana depois desse mesmo ministro ter pedido ao “senhor das ilhas” que se pautasse pela “elevação” e “verdade”, o Presidente do IIPC minimiza a própria tutela com um lacónico “breve”. Quererá esse “breve” ser o mesmo que há quatro anos “acelera” as obras de recuperação e restauro da Igreja Matriz de São Filipe as quais não se sabe para quais “calendas gregas” estarão concluídas? Como aceitar o argumento esfarrapado de não possuir o IIPC um arquitecto disponível? Onde pára esse homem imprescindível? De férias disciplinares que duram há mês e meio? Evacuado para o exterior por problemas de saúde? Resolvendo assuntos pessoais inadiáveis e importantes, superiores ao do próprio Estado que lhe paga? Perdoem-me Manuel Delgado, Amadeu Oliveira e Filinto Elísio mas lá vai: ou o senhor Presidente do IIPC julga poder passar um certificado de imbecilidade aos que o rodeiam ou, pura e simplesmente, na lógica da solidariedade politico-partidária tão bem apontada por Armindo Ferreira, presta-se a fazer um “frete” ao Eu-genial autarca dando-lhe a possibilidade de, por omissão do parecer técnico ou extemporaneidade do mesmo, não haver uma decisão da tutela e a responsabilização que se espera e se exige. Nada de surpreendente nesse personagem que nem no Dia Mundial do Património esteve disponível para os inúmeros radiouvintes que quiseram com ele conversar, depois de terem conhecido um idílico quadro sobre a realidade patrimonial em Cabo Verde, tiveram a desagradável surpresa de estarem perante uma gravação. Resta-nos, enfim, a “breve” esperança de o “breve” ser mesmo “breve” e que, pelo menos, até 30 de Abril de 2007, altura em que se completará um ano após as declarações do Ministro da Cultura, o arquitecto esteja finalmente disponível, a visita tenha sido efectuada e o parecer divulgado. E peço ao senhor Primeiro-Ministro que até lá, caso vier a remodelar o Governo, que não mexa no titular da pasta da cultura e nem admita que se mude o presidente do IIPC quaisquer que forem as razões, porque, senão, ainda correríamos o risco de ouvir dizer que a responsabilidade tinha sido de outrem e que por isso… Finalmente, o último silêncio, feito do oportunismo de alguns com que aqui na Ilha julgava ser amigo e de tudo poder falar com franqueza e lealdade: nem uma palavra, com medo, quiçá, de o “Génio” poder vir a saber; como conviver com essa sensação/certeza angustiante de ver o “amigo” incomodado pela minha presença, porque no mesmo espaço publico está o “senhor da ilha”? Enfim, o meu leque de amigos ficou mais curto, não porque considere como tais apenas os que concordam sempre comigo, mas porque não admito os que condicionam o relacionamento ás circunstâncias dos “laços comestíveis” ou do cargo que ocupam ou que aspiram poder vir a ocupar.
Enquanto isso, o “Atelier-Mar”, em Mindelo, São Vicente, prepara-se para conjuntamente com os gabinetes técnicos de São Salvador da Baia, de Coimbra, do Mindelo e das restantes Câmaras Municipais de Cabo Verde, discutir o Património Arquitectónico do Mindelo, cidade que quando se começou a constituir-se pelas mãos do foguense João Afonseca, já São Filipe tinha mais de 200 anos de história e desempenhava um papel importantíssimo na vida politica, social, económica e cultural de Cabo Verde. Não resisto em perguntar: Estará ali o Presidente do IIPC? Dirá alguma coisa? Comprometer-se-á para “brevemente” cumprir alguma promessa ou determinação? Independentemente das eventuais respostas, sei que por esse tempo os arquitectos, engenheiros, historiadores, sociólogos, intelectuais e outros convidados para o evento, calcorrearão as ruas da cidade aonde estudei e da qual guardo tantas lembranças, tantos ensinamentos e tantos amigos; observarão as marcas da presença inglesa e portuguesa; conversarão com personalidades da cidade independentemente da bandeira politica; escutarão o cidadão comum, seja ele velho ou novo, homem ou mulher; contemplarão as fotografias, desenhos, pinturas e monumentos; não deixarão de rever os livros, artigos e tudo o que de escrito foi publicado sobre a cidade; terão em atenção os grandes eventos culturais como o Carnaval e o Festival da Baia das Gatas e finalmente, recolhidos os dados, debaterão e concluirão, com franqueza, com honestidade e, sobretudo, com competência e sem arrogância. E sei também que a Presidente da Câmara receberá o documento final, depois de previamente aprovado pela Assembleia Municipal, como um instrumento orientador indispensável para que Mindelo conserve a sua traça arquitectónica e faça jus ao epíteto de capital cultural de Cabo Verde. Sei ainda que quer os redactores como a receptora compreenderão a necessidade da actualização do mesmo documento, pelo que, de tempos a tempos, outros encontros similares se seguirão. Finalmente, ainda sei, que o meu amigo Moacyr Rodrigues ficará mais descansado no que á preservação dos monumentos da sua cidade concerne. Obrigado Mindelo por essa lição de bom senso que espero ser apreendida pelos outros municípios.
Mas, se do Mindelo vem o bom senso, de São Filipe, vem o embuste: depois de nada ter consultado; depois de ninguém ter ouvido; depois de, sem plano, sem conhecimento e sem respeito ter adulterado a traça arquitectónica da cidade, o Presidente da Câmara de São Filipe, propôs a discussão da “Requalificação Urbanística de São Filipe” á Assembleia Municipal. Os eleitos municipais vão discutir o que já foi feito sem o seu consentimento, numa usurpação clara das suas competências, num claro desrespeito á sua própria dignidade. Discutirão sem um documento orientador, a não ser o Plano da Arcotec, elaborado em 1991, ainda João do Rosário era Delegado do Governo no período de transição para as primeiras eleições autárquicas. Debaterão na base do discurso do Presidente de se ser ou não contra nós, reduzindo a questão á velha dicotomia PAICV/MpD que tanto tem prejudicado o Fogo; e, no final, que ninguém se espante se, se fizer aprovar uma moção de apoio ao Presidente louvando-o a prosseguir, como se tudo se resumisse a ter ou não a confiança politica dos seus pares. Todavia, senhores eleitos municipais, sem plano, com o dano feito, sem parecer técnico de quem de direito, discute-se o quê e com base no quê?
Noutras circunstancias, semelhantes as do Mindelo, aceitaria o repto do Presidente Genial e participaria no debate da Assembleia, não obstante a desigualdade do tempo concedido, cinco minutos para os munícipes e todo o tempo do mundo para “ senhor da ilha”, posto que estaria a contribuir, mesmo que humildemente, para um melhor devir para a minha ilha. Seria a promoção do bom senso e do respeito; mas como está mais não é do que a promoção da fraude e a legitimação de um criminoso para a prossecução dos seus crimes contra o património arquitectónico de São Filipe.
Sanfibila, 14 de Junho de 2007
Fausto Amarílio do Rosário